De tempos a tempos, o caso da menina inglesa desaparecida no Algarve há seis anos salta para as primeiras páginas dos jornais com grande estrondo, alertando quem acompanhou este drama, e foram muitos milhões que conheceram o nome de Maddie como se fosse alguém da família, para a expectativa de notícias fantásticas.
Desta vez, o pretexto foi um programa de televisão da BBC, anunciando retratos-robô de suspeitos, colando notícias de prisão de pedófilos numa sugestão à possibilidade de um deles ser o raptor da criança que os pais abandonaram num quarto a dormir com mais dois bebés enquanto jantavam com amigos.
O resultado desta coprodução entre polícia britânica e a televisão pública foram mais de dois mil telefonemas com informações sobre o eventual criminoso reconhecido através dos tais retratos-robô.
Um êxito!, informou um dos detetives encarregados do caso em Inglaterra, e nós ficámos a saber aquilo que nenhuma polícia sabe.
Ainda existem mais de duas mil pessoas que conhecem o raptor através de um desenho feito através de um programa de computador.
Se como espetáculo de televisão isto funciona, merece as maiores reservas quando se trata de descobrir crimes.
E tudo isto cheira a falso. Não consigo perceber que técnicas extraordinárias conhece esta unidade de investigação para liquidar qualquer outra hipótese de trabalho a não ser o rapto.
Também não se percebe como o governo inglês investe tanto num só caso, quando a Inglaterra tem mais crianças desaparecidas do que a soma de Portugal, Espanha e França.
É muito estranho que estes espetáculos venham a público quando os pais da menina esperam sentenças que lhes podem fazer arrecadar milhões de euros.
E o mais estranho é continuarmos a acreditar que por aquela janela minúscula passava um raptor com uma criança.
Acredito que somos muitos a desejar que este caso se resolva.
Com menos circo e mais honestidade profissional. A verdade é que não surgiu nada de relevante deste megaespetáculo que retire do arquivamento, no Tribunal de Portimão, o processo principal de Maddie.
Um belo foguetório sem consequências e uma manipulação vergonhosa do caso. Que Deus tenha piedade desta gente!
Autor: Francisco Moita Flores
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